Apenas 60% das crianças foram imunizadas durante a campanha de vacinação contra a poliomielite de 2022

Embora a meta do Ministério da Saúde fosse de vacinação de 95% do público-alvo, a campanha contra a poliomielite só alcançou 60%. Essa campanha nacional foi finalizada no último final de semana. Depois disso, foi divulgado que a vacinação continua nos pontos de saúde, mas sem a mobilização publicitária necessária para atrair a população.

Qual o público-alvo da vacinação contra poliomielite?

Crianças de até 5 anos.

Segundo informações da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) da Organização Mundial de Saúde (OMS):

“A poliomielite, comumente chamada de pólio, é uma doença altamente contagiosa causada pelo poliovírus selvagem. A grande maioria das infecções não produz sintomas, mas de 5 a 10 em cada 100 pessoas infectadas com esse vírus podem apresentar sintomas semelhantes aos da gripe. Em 1 a 200 casos, o vírus destrói partes do sistema nervoso, causando paralisia permanente nas pernas ou braços. Embora muito raro, o vírus pode atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte.”

DADOS

A poliomielite afeta principalmente crianças com menos de cinco anos de idade.

Uma em cada 200 infecções leva a uma paralisia irreversível (geralmente das pernas). Entre os acometidos, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.

Os casos de poliomielite diminuíram mais de 99% nos últimos anos: dos 350 mil casos estimados em 1988 para 29 casos notificados em 2018.

O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. No entanto, até que a doença seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território.

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgaram, recentemente, a seguinte nota:

“O Brasil teve uma história de sucesso com seu Programa Nacional de Imunizações (PNI). Mas, nos últimos anos, o que vivemos não é mais uma elogiada campanha de vacinação, e sim uma série de campanhas contra a vacinação e, portanto, contra a vida de adultos e crianças – até mesmo com apoio de quem está no Governo e deveria, justamente, agir em prol da salvação de inúmeras vidas humanas.

Doenças erradicadas do país podem voltar a acometer os brasileiros, surtos podem emergir, comprometendo vidas e sobrecarregando o sistema de saúde. A escassez de algumas vacinas – como a BCG – tem aumentado as barreiras de acesso à vacinação, o que também acontece devido ao sucateamento da Atenção Básica à Saúde, quando se restringe a vacinação a dias e/ou horários fixos.

As famílias diminuíram sua adesão ao PNI pelos motivos antepostos e também por falta de dinheiro para o transporte, pelo bombardeio de informações falsas estimulando suspeitas sobre a eficácia e segurança das vacinas e pela eliminação do quesito vacinação para aceder aos planos de ajuda social.

Esse quadro preocupante leva a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) a se manifestarem em defesa do acesso à vacinação e do reestabelecimento do PNI. Além disso, a SBPC e a ABRASCO reafirmam que vacinas são um dos produtos mais efetivos desenvolvidos pela ciência, que desde sua descoberta contribuíram para melhorar a expectativa de vida da população e reduzir a mortalidade infantil no mundo todo.”

Ana Célia Costa

Acadêmica de Fisioterapia

Jornalista (DRT 326)