Carga horária obrigatória de Psicoterapia na Educação?

Em um mundo de difusão do Ensino a Distância (EaD), os jovens precisam de mais conexões presenciais. Apesar da falta de conexão poder estar atrelada a essa modalidade, o problema também ocorre nos cursos presenciais, haja vista que é comum alunos ficarem olhando a tela do celular durante as aulas e assim ficarem “distantes” e “sozinhos” mesmo estando em um grupo de 30 pessoas.

Outra situação é o aluno estar em qualquer outra área da instituição de ensino em algum canto olhando o celular sem interações com o ambiente. São pessoas com dificuldades de estabelecer uma conversa pessoalmente, com possíveis transtornos de ansiedade e depressão. De acordo com o Censo da Educação Superior, o percentual de matriculados em EaD aumentou 274,3%, enquanto, nos presenciais, houve queda de 8,3%. Essa pesquisa é referente aos anos de 2011 a 2021.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios mostrou que das 183,9 milhões de pessoas com mais de 10 anos de idade no Brasil, 84,7% tiveram acesso à Internet em 2021. Essa mesma pesquisa, em 2019, registrou o percentual de 79,5%. Esse estudo foi uma parceria do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) com o Ministério das Comunicações e o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.

A falta de conexão em todas as modalidades de Ensino mostra uma deficiência no processo, haja vista que aprender envolve a interação social. Isso afeta aquilo que se espera de uma pessoa com saúde (e bem-estar) e com qualidade de ensino. Não é por acaso que o que foi citado, anteriormente, está entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em que os 193 Estados membros da Organização das Nações Unidas (ONU) se comprometeram a adotar.

Como ter saúde e bem-estar sem interação social? Como aprender sem trocar ideias e debater com o outro? Como aprender a lidar com suas emoções e opiniões sem o contato pessoal? Como tratar quem está com crise de ansiedade e não consegue apresentar um simples trabalho em sala de aula com outras 30 pessoas?

Já imaginou uma iniciativa de Psicoterapia presencial junto com a carga horária de Ensino, Pesquisa e Extensão. Essa carga horária de terapia obrigatória por semestre para alunos poderia ser feita visando acompanhamento dos distúrbios e patologias psicológicas. O aluno não pode mais ser submetido às avaliações sem um cuidado com sua saúde mental. Aluno com depressão e ansiedade, por exemplo, não consegue participar efetivamente das aulas.

Conforme dados do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, a depressão entre jovens de 18 a 24 anos obteve aumento de 11,1% em 2019. Outra pesquisa de 2021 mostra que 36% dos jovens avaliaram que seu estado emocional era ruim ou péssimo. Isso teve total influência do período de quarentena devido à pandemia de Covid 19. Um caso de repercussão nacional ocorreu em 19 de maio de 2022, em que mais de 20 alunos de uma escola de Recife tiveram crise de ansiedade (com sintomas de falta de ar). Eles foram socorridos por equipes do Corpo de Bombeiros e Samu.

Já vi vários casos de alunos que saíram da sala de aula com crise de ansiedade. São levados para Enfermaria e depois são liberados. Outros nem chegam a entrar na instituição de ensino. Eles têm a crise na portaria e voltam para casa. Como fica o processo de aprendizado para esses jovens? O que vai determinar o recebimento do diploma é a nota e a carga horária (Ensino e Extensão) obrigatória cumprida. A carga horária de psicoterapia não existe e o que há por trás do diploma fica sem cuidado. Educação e Saúde precisam caminhar juntas e para isso a terapia com carga horária obrigatória é uma questão que poderia ser incluída nas unidades de ensino.

Ana Célia Costa

Acadêmica de Fisioterapia.

Jornalista (DRT 326)

Campanha da OPAS para apoiar a saúde mental: #FaçaSuaParte

De acordo com estudo publicado na revista The Lancet, os distúrbios depressivos e de ansiedade aumentaram 35% e 32% respectivamente em 2020 na América Latina e no Caribe devido à pandemia de Covid-19. Algumas pessoas desenvolveram patologias durante o após o período de confinamento e/ou tiveram isso como sequela da própria Covid.

Objetivo

Combater o estigma e a discriminação contra pessoas com condições de saúde mental, e promover interações positivas que melhoram a busca por ajuda.

A acadêmica de Fisioterapia, Samya Maquiné tem diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e faz psicoterapia. “O acompanhamento psicológico ajuda muito. Tem coisas que nós não queremos falar com os familiares ou com os amigos próximos. É importante pra se recuperar e ver a possibilidade de melhora”, ressaltou.

O cuidado com a saúde mental faz bem para o paciente e para todos que estão com ele no quotidiano. Esse foi um dos destaques da acadêmica Iasnaya Campos: “Faço tratamento com psicólogo há 9 anos e nos últimos três anos com psiquiatra”.

Ação

Por meio de mensagens nas redes sociais, a campanha #FaçaSuaParte convida as pessoas a quebrarem o silêncio, compartilharem suas histórias e conversarem de forma aberta e honesta sobre como se sentem.

A saúde mental é um direito humano fundamental.

Ana Célia Costa

Acadêmica de Fisioterapia

Jornalista (DRT 326)