Saúde da Mulher Surda
A importância da comunicação com a paciente surda foi um dos destaques do primeiro dia do Seminário de Atenção à Saúde da Mulher Surda, da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Muitas mulheres por uma questão cultural têm dificuldades de relatar, por exemplo, algumas questões íntimas na hora de uma consulta. Essa barreira pode ser ainda maior quando a mulher é surda e vai acompanhada de algum familiar para intermediar o atendimento.
“Uma vez uma mulher surda foi fazer ao ginecologista. Ela estava acompanhada de sua irmã. O médico não sabia Libras. Então, ele explicou tudo para a irmã. Avisou que ela tinha mioma e precisaria fazer determinado tratamento. Alertou que ela não poderia engravidar nesse período. A paciente não foi informada pela irmã que ocultou o alerta. Um tempo depois a paciente engravidou. Ao avisar a irmã que ela soube das orientações do médico. Então, teve outros problemas de saúde para tratar.” contou a professora da UESPI, Kelly Lemos.
Os profissionais da saúde precisam aprender Libras para melhor atender os pacientes surdos e não depender de tradutores. No caso da mulher surda, a questão cultural, pode fazer com que ela inclusive tenha vergonha em relatar sintomas para o profissional da saúde, já que dependerá da tradução de algum familiar. A comunicação direta vai existir somente com a Libras.
A pessoa surda é um ser humano normal. Que tem vida sexual e tem curiosidades sobre sexualidade. Que pode ter questões envolvendo sua região íntima e não pode ter barreiras para informar isso. A mulher surda também tem o direito ao Plano de parto e ao pleno entendimento de como está sua saúde e do seu filho. Tem o direito de entender o que médicos e enfermeiros questionam e avisam. Ela tem direito de fazer fisioterapia durante a sua gestação e compreender tudo que o profissional Fisioterapeuta orienta.
Segundo a Constituição Federal de 1988, é assegurado a todos o acesso à informação. Da mesma forma como a SAÚDE está entre os direitos sociais de todos os cidadãos.
Dados
Conforme o IBGE (Censo 2010), há 10 milhões de brasileiros surdos. Destes, 29% são mulheres.
Ana Célia Costa
Acadêmica de Fisioterapia e Estética
Jornalista (DRT 326)